Imagem: Acervo CEDOC - Fundação Romi
A alegria pelo reencontro, apesar da distância, contagiou a ambos.
Trocavam inúmeros bilhetes diariamente, tanto por e-mail quanto pelo programa
de mensagens instantâneas, que lhes possibilitava “falar” em tempo real.
Tim insistiu por diversos dias até finalmente conquistar sua confiança
e conseguir o seu telefone, do
trabalho. Ela disse que naquela tarde, por volta das 15 horas faria uma pausa para
o café e ele poderia ligar, “se quisesse”...
Enquanto anotava o número, ele olhou para o relógio por duas vezes, para
ver quanto tempo ainda faltava para finalmente poder ouvi-la depois de tanto
tempo. Ainda era cedo, 08:40 da manhã. A ansiedade naquele momento foi idêntica
ao dia em que a esperou passar pelo portão da faculdade em seu último
encontro...
As horas se arrastavam, e Tim precisou sair para resolver um imprevisto,
que lhe tomou mais tempo do que o usual. Ainda assim ele acreditava que voltaria
antes das três da tarde - o que não aconteceu - e para piorar, a bateria de
seu celular havia se descarregado completamente.
Sem opção, comprou um cartão e parou no primeiro telefone público
que avistou. Consultou a hora pela
enésima vez, tirou do bolso o papel com o telefone dela, limpou a garganta e
começou a teclar pausadamente os números, sem conseguir contudo
evitar que um arrepio transcorresse seu corpo.
Um toque, outro toque, mãos suando e segurando firme o telefone,
enquanto Tim procura evitar ao máximo o barulho da rua, tapando o bocal do
aparelho com a mão direita e então:
- Alô...?
A sua voz é inconfundível, e ele sentiu um leve tremor nas pernas, e
dois milhões de borboletas revoaram seu estômago com tanta intensidade, que ele
precisou de alguns segundos para conseguir soltar a voz:
- Mel, sou eu... Há quanto tempo! Nossa, sua voz está idêntica...
- Tudo bem com você? A sua também não mudou nada...
- Tudo. Está podendo falar?
- Tenho pouco tempo de intervalo. Estou aqui dividindo minhas
bisnaguinhas com requeijão com um peludo que apareceu por aqui com cara de pidão.. (risos).
- Esses cachorros... (riso nervoso). Mas me diga, sempre sai nesse horário? Poderíamos
falar mais vezes, se você não se importar.
- Acho que sim, mas agora preciso mesmo desligar tá? Adorei falar com você.
- Eu também... até mais então.
- Até. Tchau.
Pronto. Agora não havia mais barreiras e tudo estava apenas começando.
Continua...
Continua...
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