terça-feira, 23 de abril de 2019

Semeadores de Maravilhas, Parte 8 - O Telefonema

Imagem: Acervo CEDOC - Fundação Romi


A alegria pelo reencontro, apesar da distância, contagiou a ambos.

Trocavam inúmeros bilhetes diariamente, tanto por e-mail quanto pelo programa de mensagens instantâneas, que lhes possibilitava “falar” em tempo real.

Tim insistiu por diversos dias até finalmente conquistar sua confiança e conseguir o seu   telefone, do trabalho. Ela disse que naquela tarde, por volta das 15 horas faria uma pausa para o café e ele poderia ligar, “se quisesse”...

Enquanto anotava o número, ele olhou para o relógio por duas vezes, para ver quanto tempo ainda faltava para finalmente poder ouvi-la depois de tanto tempo. Ainda era cedo, 08:40 da manhã. A ansiedade naquele momento foi idêntica ao dia em que a esperou passar pelo portão da faculdade em seu último encontro...

As horas se arrastavam, e Tim precisou sair para resolver um imprevisto, que lhe tomou mais tempo do que o usual. Ainda assim ele acreditava que voltaria antes das três da tarde - o que não aconteceu - e para piorar, a bateria de seu celular havia se descarregado completamente.

Sem opção, comprou um cartão e parou no primeiro telefone público que avistou.  Consultou a hora pela enésima vez, tirou do bolso o papel com o telefone dela, limpou a garganta e começou a teclar pausadamente os números, sem conseguir contudo evitar que um arrepio transcorresse seu corpo.

Um toque, outro toque, mãos suando e segurando firme o telefone, enquanto Tim procura evitar ao máximo o barulho da rua, tapando o bocal do aparelho com a mão direita e então:

- Alô...?

A sua voz é inconfundível, e ele sentiu um leve tremor nas pernas, e dois milhões de borboletas revoaram seu estômago com tanta intensidade, que ele precisou de alguns segundos para conseguir soltar a voz:

- Mel, sou eu... Há quanto tempo! Nossa, sua voz está idêntica...

- Tudo bem com você? A sua também não mudou nada...

- Tudo. Está podendo falar?

- Tenho pouco tempo de intervalo. Estou aqui dividindo minhas bisnaguinhas com requeijão com um peludo que apareceu por aqui com cara de pidão.. (risos).

- Esses cachorros... (riso nervoso). Mas me diga, sempre sai nesse horário? Poderíamos falar mais vezes, se você não se importar.  

- Acho que sim, mas agora preciso mesmo desligar tá? Adorei falar com você.

- Eu também... até mais então. 

- Até. Tchau. 

Pronto. Agora não havia mais barreiras e tudo estava apenas começando.

Continua...

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