Imagem: A Moça Na Janela, Pixabay
Recostado na poltrona da sala, seus olhos encontram o porta-retrato na mesa, e passou a relembrar o momento em que tirou aquela foto sem que ela percebesse, enquanto observava as luzes da cidade antes de fechar a cortina para dormirem. Ela estava de perfil, de forma que sua respiração embaçava a janela pela proximidade de seus lábios...
Ele já havia visto essa foto centenas de vezes, mas esse detalhe só agora lhe foi revelado, então aproximou-a para bem perto de si, na busca de algum outro detalhe talvez ainda estivesse desapercebido.
"abro meus olhos devagar,
sinto seu perfume me invadir
olho prá você e vejo o céu
quando nossos lábios se tocarem
vai ouvir no rádio alguém cantar
é sobre nós dois essa canção"*
Sua respiração embaçou o vidro do porta-retratos...
A proximidade a fez virar o rosto e revelar seu sorriso silencioso com o abraço que se deram. Um beijo, um laço desfeito, depois outro, roupas no sofá, o calor dos corpos abraçados, intensidade, mãos entrelaçadas e depois apenas o silêncio. Nenhuma palavra precisa ser dita, e apenas a luz suave do abajour ilumina aquelas quatro paredes.
A foto desliza de sua mão, fazendo-o acordar de sobressalto daquele sonho tão real quanto o aroma suave de seu perfume impregnado em seu corpo.
R. 06/04/2019
(*) De Sombra e Sol, Flávio Venturini
Nenhum comentário:
Postar um comentário