domingo, 22 de julho de 2018

Vindas e Idas


As viagens que faço para vê-la tem aquele sabor da saudade que logo passará, acompanhada pelo gostoso friozinho na barriga apenas de imaginá-la vindo em minha direção.
No vôo, fico imaginando se ela estará me esperando na sala de desembarque, ou se será melhor ir ao seu encontro em alguma estação do metrô, ou quem sabe ainda no lobby do hotel que escolhemos ao planejarmos as férias. 

No fundo, não interessa como sonho, mas sim que agora apenas algumas horas nos separam. Nos deliciaremos com o sabor suave daquele vinho tinto, jantaremos fora e depois assistiremos (pela primeira vez juntos) uma peça de teatro.

Acordaremos abraçados e teremos nossos olhos bem de próximos ao dizermos "bom dia, dormiu bem?".

Então eu me darei conta de que terei que voltar. E nesse instante eu serei tomado pelas lágrimas que sufocarei na rua e depois no táxi, pela tristeza de alma e rancor por estar deixando-a longe de mim.

Antes eram de saudades, agora é muito mais que isso. É meu viver ficando longe mais uma vez. O que sinto agora nesse voo de retorno é raiva. Volto contra a minha vontade. Volto deixando meu coração naquela avenida, naquela mesa de café da manhã, naquela pizzaria, naquela rua inclinada, naquele shopping center, naquela cama.
Logo eu voltarei Logo eu ficarei para sempre.

R. 17/07/2018 (no avião)

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