Richard voltava para casa depois de um dia atarefado. Para fugir do engarrafamento do trânsito, optou por ir de trem na expectativa de chegar logo e ter algumas horas a mais para descansar.
Durante o trajeto, não teve como deixar de ouvir a conversa de duas amigas sentadas no banco à sua frente, falando sobre um encontro com o namorado de uma delas:
"- Sabe, ontem eu estava indo para casa, e bateu uma grande saudades dele, e resolvi ir ao seu encontro, apesar da distância. Mudei todo o meu trajeto e fui para a rua dele. Sei que toda vez que ele está passando por ali ele me liga, e conversamos um pouquinho todas as noites..."
"- Sério que você fez isso, Ri??" perguntou a amiga.
"- Aham. Fui para lá e fiquei atrás de uma árvore entre uma alameda por onde ele sempre passa, inclusive já me mandou fotos. E no horário de sempre, ele me liga e vamos conversando.
Até que eu o avistei chegando. Falei que precisava desligar e nos despedimos rapidamente. Ele guardou o celular no bolso e veio caminhando em minha direção, passos lentos e olhando ora para o céu, ora para as plantas e árvores do caminho. Passou pela árvore sem me notar..."
"- E???"
"- Confesso que eu senti um frio na barriga. Eu o chamei: "- Rê..." Ele parou, olhou para trás, surpreso, tentando achar de onde vinha a minha voz. Então eu saí de trás da árvore e caminhei rápido até ele."
"- Ah, que delícia, amiga, e aí, como foi?"
"- Nos beijamos, abraçamos apertado. Só depois de algum tempo conseguimos falar alguma coisa do tipo "surpresa!!!" e rimos muito. Aí continuamos a caminhar pela alameda de mãos dadas, estava um luar muito bonito e o clima ameno, e fomos para o apartamento dele. Foi uma noite maravilhosa..."
"- Que lindo, Ri. "
Ambas sorriram e ele retomou a leitura de sua revista, até chegar em sua estação. Richard desembarcou depressa e tomou o caminho de todos os dias. Curiosamente, percebeu que em sua rua também havia uma grande árvore na esquina, ladeada por uma calçada onde ele fazia suas caminhadas. e ele imediatamente se lembrou da conversa das amigas no trem.
Aproximou-se da árvore, parou, olhou ao seu redor e dali viu toda a extensão da rua iluminada pelo brilho da lua. O vento batendo no rosto e o silêncio da hora fizeram-no fechar os olhos.
Richard ficou parado ali por alguns segundos, talvez esperando Elise chamar o seu nome também. Nesse momento, o telefone vibra em seu bolso, fazendo com que ele acordasse dos seus pensamentos.
Era Elise...
22/12/2016
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