quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Semeadores de Maravilhas, Parte 5 - Sem Contato


Tim concluiu seu curso sem muito ânimo. Era complicado para ele passar diariamente pelas escadas que testemunharam tantas horas de conversas e risadas e saber que não teria mais aqueles momentos. Mesmo assim, todos os dias à cada entrada em sala ele sempre dirigia seu olhar para o local onde sentavam-se, torcendo por intermináveis segundos, que ela estivesse de volta e seus olhares se encontrassem com sorrisos silenciosos enquanto ele se dirigia até ela.

Àquela altura do curso, seu círculo de colegas já era bastante restrito, e por esse motivo hesitou em participar das comemorações de formatura, tendo confirmando sua presença somente no último momento, com a participação da missa celebrada justamente na Paróquia em frente à praça onde haviam tido o seu primeiro encontro...

Dias depois, no tradicional baile, havia sido convencionado que os formandos receberiam os diplomas acompanhados por seus respectivos pares, o que fez com que Tim quase desistisse de subir ao palco, desacompanhado que estava, e aquele momento deveria ser dele e Mel.

Os colegas perceberam a situação e contornaram tudo, arrumando-lhe uma conhecida que pudesse  acompanha-lo na hora da diplomação. Entre subir, receber o diploma e sair da cena, foram três longos minutos. Ele agradeceu a companhia, se desfez do canudo (vazio) no primeiro cesto de lixo avistado e permaceceu no local por mais ou menos uma hora antes de ir embora sem se despedir de ninguém.

Naquele mesmo ano, Mel também se formara. Ele sempre imaginou como teria sido a sua festa de formatura, quem a acompanhara e como ela se vestira. 

Passado algum tempo, Tim mudou-se para outro bairro, e depois de cidade.

Mel tentou corresponder-se com ele, porém em outra das peças do destino, as cartas que poderiam quem sabe reaproximá-los, nunca lhes chegaram às mãos. Por certo ela imaginou seu desinteresse e não insistiu mais.

Seguiram suas vidas, seus destinos.

Certa vez, Tim esteve de passagem por Paris. Buscou um catálogo telefônico e arriscou uma chamada para Mel. O endereço era outro, mas estava convicto de que aquele era o da “sua” Mel e decidiu arriscar uma chamada.

- Não quero nem saber, vou tentar, decidiu.

Um toque, dois toques e um “- Alô...”

- Alô, é da casa da Mel?

- Sim...é ela falando (voz parecida)

- Olá...é o Tim (voz trêmula)

- Desculpe, quem está falando?

- Mel, é o Tim, do colégio...

- Acho que você está procurando outra pessoa, talvez seja um homônimo, desculpe.

- Ah sim, pode ser, desculpe, foi engano. Obrigado...

Desligou o telefone e voltou para o seu trabalho, certo de que haviam perdido totalmente o contato e que nunca mais iria conseguir revê-la.

E o destino parecia haver selado a história deles.

(continua...)

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