Eu nunca entendi bem as lágrimas nas despedidas.
Despedidas nas rodoviárias, aeroportos e na rua de casa sempre eram motivos de alegria infantil pelos que partiam, deixando a recordação de bons momentos e a esperança de um breve retorno para novos tempos de bom convívio, conversas, brincadeiras e descontração.
Depois, quando via meu pai partido em viagens de trabalho, ficava acenando até o carro sumir na curva da rua, e permanecia contemplando o pôr-do-sol da tarde de domingo. Mas não sentia tristeza. Sentia uma saudade que em poucos dias seria resolvida com o seu retorno para o final de semana.
Já adulto, passei a ter outra perspectiva. Algumas partidas, quis o destino, não tiveram encontro de volta com alguns amigos e também com o meu pai. Dessa vez, eu é quem havia saído em viagem e no retorno não os encontrei mais. Tudo bem, o tempo nos concede força resiliente.
Mas, de uns tempos para cá, têm sido diferente. Os encontros vêm com o sopro da canção do Milton: "me dê um abraço, venha me apertar, tou chegando..." mas a despedida, agora, tem doído. De fazer virar o rosto para a janela e tentar disfarçar a falta que vamos sentir até o novo encontro, o próximo beijo e o calor do abraço.
Dessa vez, as lágrimas aconteceram também do lado de fora da janela, traduzindo a saudade que eu já estava sentindo desde que minha visão no portão de embarque não a alcançou mais.
O pôr-do sol, eu contemplei do céu.
E mais uma vez precisei ficar longos minutos olhando para fora.
Agora eu entendo bem por que elas acontecem...
17/10/2016
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