O dia era um sábado tranquilo de inverno, daqueles em que o tempo desacelera para dar espaço a momentos de paz. Ser chamado de “tio" sempre foi de encantar o coração pela pureza que a expressão contém. Nessa tarde em especial, perguntas simples viravam brincadeira tanto quanto assistir um vídeo ou folhear as ilustrações de um livro. Valia pelo tempo de qualidade.
E em um desses momentos descontraídos o tio foi momentaneamente alçado à uma condição muito além de sua expectativa, em uma resposta vinda sem hesitação, como se tivesse estado ali guardada em algum lugar: a verdade que só as crianças conhecem.
O coração parou por um instante, não por susto, mas por pura emoção. Aquela palavra, vinda de quem mal sabia o peso dos laços e acompanhada do dedo indicador tocando em seu rosto, trouxe o valor de um presente inimaginável.
Era a vida, sorrateira, inventando um poema que o amor já vinha desenhando: dos papéis que se escrevem com afeto.
E naquele instante, compreendi que não era preciso pedir mais nada. Foi presente, foi bênção, foi o coração escolhendo seu lugar, já garantido desde o dia que você chegou.
Porque o amor não precisa de título: ele se revela, puro e eterno, na voz inocente das crianças.
Deus o abençoe, neném...
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