Já tarde da noite, passeava com o cachorro e ouvia musicas, permitindo que os pensamentos e devaneios voassem pela minha mente.
"Last Train To London" de 1979 era tocada no momento em que eu cheguei à praça da igreja aqui perto de onde moro. Sentei-me no banco frio de cimento e enquanto prestava atenção nos acordes, num piscar de olhos me encontrei em frente à Paróquia localizada no alto da rua na cidade onde estudei o curso técnico. Eu estava em outra cidade e havia voltado no tempo!!!
Peguei meu caderno e desci correndo de volta para o colégio - que já estava com a porta fechada - e o porteiro não permitiu que eu entrasse depois da tolerância, sequer se interessando por meus argumentos de que vinha de muito longe e precisava urgentemente encontrar uma pessoa. Já ia me virando para ir embora quando ele me chamou:
- Ei, rapaz!
- Sim?
- Veio aqui agora a pouco uma garota dizendo também que queria entrar e falar com uma pessoa daqui. Da mesma forma, ela disse ter vindo de longe. Acho que era com você então, pois é a mesma história...
- Puxa, faz tempo??? Como ela era?
- Foi embora minutos antes de você chegar, disse ele, descrevendo-a com tanta clareza que não tive dúvidas de que sim, era ELA.
Peguei o primeiro ônibus e fui para a escola dela, torcendo para que conseguisse encontrá-la.
Cheguei com a respiração ofegante após ter corrido do local onde havia saltado até a portaria do colégio, e consegui entrar sem maiores dificuldades (talvez confundido com um aluno por causa do caderno). Não fazia a menor ideia de onde achá-la e circulava pelo pátio em busca da secretaria, quando a avistei vindo em minha direção.
Conversamos rapidamente. A impressão que tive é que nenhum de nós sabia o que deveríamos dizer um ao outro. Sem sentir que houvesse possibilidade de falar todos os meus sentimentos, despedi-me mal conseguindo olhar para trás enquanto me retirava, e sem saber que ela me observava enquanto eu saia.
Quase na portaria, parei subitamente e voltei correndo para onde havíamos acabado de conversar. Minha pressa chamou a atenção de algumas pessoas que gritavam para tomar cuidado, e sem lhes dar ouvidos corri até alcançá-la já subindo as escadas, e gritei seu nome.
Olhando para trás, ela disse estar atrasada para a aula, que não poderíamos demorar muito.
- Ok, eu prometo ser breve, só me escute, por "cinco minutinhos"...
- Tá bom, fale...
- Eu não sei como explicar, e acho que se tentar talvez eu me enrole mais que os meus pensamentos, mas o que eu preciso te dizer é que... (inspirei fundo), temos um futuro lindo eu e você. Não agora, nem amanhã, mas temos. É isso, não se esqueça. A gente se encontrará depois...
- Aham...
- Então tá. Boa aula para você...
E fui embora.
No caminho para o ponto de ônibus, passei por uma praça que eu nem havia reparado na ida. Sentei num banco para respirar um pouco e repensar tudo o que havia dito (e também no que deixei de dizer - "burro!!!").
De um carro estacionado nas redondezas, ainda pude ouvir o finalzinho de "Last Train to London" tocando.
Pisquei e levei um pequeno susto quando tive o braço puxado pela coleira do cachorro querendo voltar ao passeio.
Olhei ao redor e vi que, como numa longa viagem no tempo, eu estava de volta ao banco de cimento onde costumo ficar durante nossas conversas ao telefone. Me assustei de novo ao ver que ao meu lado estava agora aquele meu caderno universitário ainda com a caneta Bic presa na capa segurando um panfleto do colégio dela na parte interna.
Era o "futuro lindo" que havia chegado depois de passado tanto tempo, trazendo a certeza de que aquela correria de volta antes de ir embora naquela noite havia valido a pena.
- Ei, rapaz!
- Sim?
- Veio aqui agora a pouco uma garota dizendo também que queria entrar e falar com uma pessoa daqui. Da mesma forma, ela disse ter vindo de longe. Acho que era com você então, pois é a mesma história...
- Puxa, faz tempo??? Como ela era?
- Foi embora minutos antes de você chegar, disse ele, descrevendo-a com tanta clareza que não tive dúvidas de que sim, era ELA.
Peguei o primeiro ônibus e fui para a escola dela, torcendo para que conseguisse encontrá-la.
Cheguei com a respiração ofegante após ter corrido do local onde havia saltado até a portaria do colégio, e consegui entrar sem maiores dificuldades (talvez confundido com um aluno por causa do caderno). Não fazia a menor ideia de onde achá-la e circulava pelo pátio em busca da secretaria, quando a avistei vindo em minha direção.
Conversamos rapidamente. A impressão que tive é que nenhum de nós sabia o que deveríamos dizer um ao outro. Sem sentir que houvesse possibilidade de falar todos os meus sentimentos, despedi-me mal conseguindo olhar para trás enquanto me retirava, e sem saber que ela me observava enquanto eu saia.
Quase na portaria, parei subitamente e voltei correndo para onde havíamos acabado de conversar. Minha pressa chamou a atenção de algumas pessoas que gritavam para tomar cuidado, e sem lhes dar ouvidos corri até alcançá-la já subindo as escadas, e gritei seu nome.
Olhando para trás, ela disse estar atrasada para a aula, que não poderíamos demorar muito.
- Ok, eu prometo ser breve, só me escute, por "cinco minutinhos"...
- Tá bom, fale...
- Eu não sei como explicar, e acho que se tentar talvez eu me enrole mais que os meus pensamentos, mas o que eu preciso te dizer é que... (inspirei fundo), temos um futuro lindo eu e você. Não agora, nem amanhã, mas temos. É isso, não se esqueça. A gente se encontrará depois...
- Aham...
- Então tá. Boa aula para você...
E fui embora.
No caminho para o ponto de ônibus, passei por uma praça que eu nem havia reparado na ida. Sentei num banco para respirar um pouco e repensar tudo o que havia dito (e também no que deixei de dizer - "burro!!!").
De um carro estacionado nas redondezas, ainda pude ouvir o finalzinho de "Last Train to London" tocando.
Pisquei e levei um pequeno susto quando tive o braço puxado pela coleira do cachorro querendo voltar ao passeio.
Olhei ao redor e vi que, como numa longa viagem no tempo, eu estava de volta ao banco de cimento onde costumo ficar durante nossas conversas ao telefone. Me assustei de novo ao ver que ao meu lado estava agora aquele meu caderno universitário ainda com a caneta Bic presa na capa segurando um panfleto do colégio dela na parte interna.
Era o "futuro lindo" que havia chegado depois de passado tanto tempo, trazendo a certeza de que aquela correria de volta antes de ir embora naquela noite havia valido a pena.
14/01/2018
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