Naquela quarta-feira de início de outono, quando os dias ensolarados terminam com uma suave brisa da tarde e com tendência de frio para a noite, uma taça de vinho era o acompanhamento ideal para uma boa relaxada.
Descalço e com os pés apoiados sobre o canto da mesa e com música envolvendo o ambiente, logo os olhos se fecharam num cochilo rápido e irresistível, que lhe trouxe à mente o dia em que eles se encontraram, as primeiras conversas, o primeiro beijo tímido no banco da igreja até o dia em que corajosamente subiu a sua rua debaixo de uma chuva torrencial, e à porta de sua casa, totalmente ensopado, só conseguiu dizer:
- Tomei uma baita chuva... quer namorar comigo?
- Não..., ela respondeu, deixando-o totalmente sem ação.
Ele não havia pensado no que dizer ou fazer diante de uma negativa.
- Ahm, sim, respondeu, gaguejando e sem conseguir mover um dedo. Naquele momento, não haviam bolsos onde pudesse colocar as mãos;
Rindo muito do seu indisfarçável nervosismo, ela entregou-lhe uma toalha que já havia trazido, avisada por sua irmã de que um rapaz (até simpático) totalmente molhado a chamava na porta da sala.
- Brincadeira minha... enxugue-se primeiro, disse ela com um sorriso encantador.
Custou alguns segundos para ele compreender a situação e caírem em gargalhadas como sempre faziam em suas intermináveis conversas nas escadarias do colégio.
Um pouco mais seco, esticou a mão para devolver a toalha que seguraram juntos, permitindo que os olhares se encontrassem bem perto. E mais perto. Muito perto, o bastante para ela dizer baixinho, antes de se beijarem:
- Eu quero...
04/05/2016
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