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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Uma Carta Imaginária


Demorei para lhes escrever, eu sei, e peço que perdoem a longa ausência. 

Já faz um tempo que viajei e esse período distante talvez tenha sido necessário para que todos pudéssemos, penso assim, amadurecer, e com a maturidade compreender o que passamos e quem sabe, perdoar erros cometidos, amenizar dores sofridas e cicatrizar feridas.

É tudo o que mais almejo e espero.

Ah se eu pudesse voltar o tempo, tanta coisa eu diria e outras tantas deixaria de fazer, se tivesse a consciência de quão grande seria a marca que lhes causaria... Acreditem, não intencionei.

Tenham a certeza que depois, no meu íntimo, eu sempre meditava sobre isso, e por certo não tive quem sabe, a coragem de reconhecer que sim, me excedi e entristeci a quem eu jamais deveria fazê-lo.

Entretanto, por um bom tempo tivemos oportunidade de experimentar o amor em nosso convívio e desse período bom é o que peço que guardem no coração, pois ele foi muito maior do que o aquele onde mágoas existiram. Estejam certos de que em mim reside cada segundo dessas suaves lembranças, que hoje fortalecem minha caminhada. 

Tenho orgulho das pessoas que vocês se tornaram. Vejo-os prosseguir suas vidas e sinto muita alegria por estarem trilhando um bom caminho.

Acompanharei à distância, mas sempre junto dos seus corações e pensamentos.

Fiquem bem, sempre.

Com amor.

20/01/2024



"...Quando brotarem as flores,
Quando crescerem as matas,
Quando colherem os frutos,
Digam o gosto pra mim..."

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Um Dia Sem Retorno


Passados quase três meses, finalmente Richard e Elise tiveram oportunidade de encontrarem-se para matar a saudade.

Falam diariamente por telefone, às vezes com vídeo, trocam mensagens e fotos, mas nada substitui a delícia da presença, o carinho do toque, a sensação de proximidade e cuidados de um para com o outro, que tornam esses momentos sempre mais que especiais.

Dessa vez aproveitariam o feriado prolongado da Páscoa  sem nenhum outro compromisso que não fosse curtir todas as horas juntos. No máximo um banho de piscina e uma saída rápida ao shopping próximo de onde se hosperariam.

Desligar o relógio, como Richard costuma dizer.

Despertaram abraçados, curtiram os minutos sob a pouca luz que atravessava a cortina do quarto, e sem pressa desceram para o café da manhã.

Conversaram muito, como sempre, e  Richard de novo surpreendeu Elise com um presente de aniversário que ele havia preparado para a ocasião. (Surpresaaa...). 

Nos dias seguintes, assistiram filmes depois do almoço, e ao anoitecer, degustaram um suave vinho espanhol acompanhado de queijos e petiscos da adega próxima ao hotel.

Na segunda-feira, quando se preparavam para o check-out, ele a chamou:

- Elise...?
- Oi, querido...
- Preciso falar com você.
Surpresa e com voz de espanto, ela veio apressada para o quarto.
- O que foi, algum problema?
- Não, não - disse ele sorrindo - fique calma, eu só queria te dizer uma coisa...
- Ah, sim.. Que me ama muito? Pode falar, eu adoro ouvir, disse ela sorrindo enquanto colocava os brincos.
- Sim, é isso também, mas há algo antes.
- Ande, Richard, fale logo pois eu preciso terminar de me arrumar e você não pode se atrasar para o aeroporto.
- Amor eu queria lhe mostrar esse papel. Tome aqui, segure.
- Que chaves são essas???
- São do apartamento que aluguei.  Não haverá mais vôo de retorno, porque à partir de hoje ficarei aqui na cidade.  Vou deixá-la no seu trabalho e cuidar de alguns ajustes finais à tempo de preparar aquele prometido jantar para nós dois.
- .... Richard.
- Eu te amo, Elise.
- Adoro ouvir, sussurou, deixando as chaves escorregarem pelo sofá quando se abraçaram.
02/04/2018

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Um Beco Com Saída


Por muito tempo, o  beco tinha para mim dois significados: a partida apressada para encontrá-la em nossas deliciosas conversas por telefone já no início da noite, e também o momento de nos despedirmos para dormir.

No primeiro momento, era aquela gostosa ansiedade do telefone tocando e aguardando o seu "oi" ao atender, para saber se podíamos conversar um pouquinho, contar nossos acontecimentos do dia, expressar sentimentos e saudades.

Algumas vezes, só podíamos conversar por "amônossílabos", mas mesmo assim era o melhor momento do dia, hora em que as preocupações e eventualmente as tristezas cotidianas eram mandadas "tomar um café", para nos deliciarmos com as nossas histórias e risadas.

Outras vezes, eu a chamava já bem tarde, perto da hora de dormir, para desejá-la um bom sono e descanso.

Então eu caminhava de volta para o beco... Já havíamos nos despedido e agora só iria falar com ela no dia seguinte. Confesso que já o atravessei de olhos fechados, desejando chegar à outra ponta e encontrar-me à sua porta, vê-la sorrindo vindo me abraçar para continuarmos conversando... Por isso não gostava de abri-los novamente, pois sabia que tudo o que iria encontrar era apenas e tão somente a minha realidade.

Noutras, uma vontade de falar o seu nome bem alto para, quem sabe uma das diversas luas que contemplei fizesse ecoar em seus ouvidos como estava sentindo sua falta e o calor do seu beijo.
(tá bom, também houve umas duas ocasiões em que a poeira me fez marejar os olhos...Pronto, contei)

Agora os ventos de mudança sopram e o "beco" não faz mais parte de minhas caminhadas noturnas e da minha fiel escudeira que latia para os gatos, corujas e vizinhos que aparecessem em nossos passeios, que continuam agora em outras "paragens".

O que me acalenta é que independente do local, continuamos conversando, dando conselhos e eu até - olha só!... - fico sabendo coisas que "não me interessam" (sorriu).

E que logo, nossas mãos estejam segurando uma a outra e não nossos telefones.

R. 17/11/2017

PS: muito bem lembrada a ideia para esse post)

domingo, 15 de outubro de 2017

A Minha Paz

A paz que eu preciso, eu encontro em você. Ponto.

Quando falei isso ontem, assim como um flash de memória eu me lembrei de nossas primeiras conversas, e sorri.
Naquele tempo turbulento em minha vida, o horário em que podíamos conversar por mais tempo era no meio da tarde, parte do dia que era a mais difícil e extenuante para mim. E depois dos poucos minutos que nos concedíamos, tudo acabava se tornando mais leve.

Uma vez, por uma vontade incontrolável de ouvir a sua voz, te liguei bem cedo pela manhã. Te despertei para desejá-la um bom dia e logo desligamos. Mas a alegria dessa primeira vez eu me recordo até hoje com aquele sorriso no rosto que só eu sei o motivo.

Atualmente, e não por alguma coincidência, o tempo que dispomos para nossos diálogos tem sido ao anoitecer, às vezes até quase na hora de dormirmos.

Momento em que já deixamos para trás todas as nossas atividades e obrigações, e por isso talvez as amenidades me sejam tão deliciosamente necessárias tanto  quanto os nossos assuntos mais pessoais.

E ontem não foi diferente, pelo contrário, tão importante e absolutamente imprescindível ouvir o que tinhas para me dizer.

E a certeza clara no meu coração de que ela, a minha paz, vem de você e é você.


R. 15/10/2017

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

O Reencontro


Richard e Elise podiam finalmente acabar a contagem regressiva para se reverem depois de um longo período separados por milhares de quilômetros.


Elise finalizou sua participação na última reunião que restava antes do início de suas merecidas e necessárias férias. Mala pronta, pegou o primeiro trem e embarcou para o hotel reservado com bastante antecedência.


Já Richard teve que aguardar intermináveis doze horas até enfim concluir a visita que fora agendada para um dia antes do reencontro, em uma cidade à poucos quilômetros do local combinado com ela. Pegou um ônibus que o levaria até a estação de trem onde saltaria a apenas dois quarteirões do hotel.


Durante todo o trajeto, ele seguia ansioso por abraça-la e aproveitarem cada minuto juntos sem qualquer preocupação com o tempo. Os pensamentos voam e ele acaba imaginando como será o encontro no lobby do hotel, talvez bebendo calmamente seu cappuccino cremoso. Em seu breve devaneio lembra-se dos versos de Vinícius:


"E no entanto avistava à poucos passos
Sua forma feminina que não era
Nenhuma outra forma feminina, mas a dela
A mulher amada"


Subiu apressado as escadas que dão acesso à Paris Avenue, consulta as horas no celular no instante em que Elise lhe manda uma mensagem: "Instalada - apto. 110, passe na recepção". Impossível conter a emoção e o arrepio proporcionados por aquela curta mensagem.


À passos rápidos, ia buscando com os olhos o prédio do La Réserve Paris, até o avistar e ir contando os passos para entrar no lobby e fazer o check-in.
Passou pela porta reduzindo os passos, mas não as batidas aceleradas do coração, e dirigiu-se ao balcão de atendimento e com a respiração já sob controle, registrou-se e pegou o cartão magnético da porta, indo rapidamente para o elevador, sem se dar conta que havia apertado o andar errado.

Desfeito o engano e já no piso correto, lembrou-se das palavras dela para descrever os momentos que antecedem os encontros deles como o de borboletas no estômago, e era exatamente o que Richard estava sentindo.

Abriu a porta, pernas vagueando, correu o olhar por todo o apartamento e lá estava Elise deliciosamente acomodada na poltrona ao lado da janela. Respiração acelerada, foi rapidamente em sua direção acompanhando seu levantar da poltrona, ambos buscando os olhos um do outro que se fecharam ao beijarem-se suavemente, envolvidos em um abraço cercado de segundos de silêncio até o primeiro "oi..."

Brindaram com vinho tinto celebrando aquela noite de inverno em que foram, enfim, um do outro...

08/08/2016

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Amizade


"Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. 

Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. 

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. 

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril"

(Fernando Pessoa)

sábado, 16 de abril de 2016

Final de Tarde

Imagem: Tumblr

Acaba o dia, ela logo deixa o trabalho e vai direto para casa, sem pensar em mais nada que não seja chegar logo, tomar uma ducha e descansar do dia atarefado.

Ele, enfim termina suas tarefas, desliga o computador e antes de sair, decide relaxar alguns minutos antes de enfrentar o caminho de volta. Apenas com a luz do som, fecha os olhos e medita nos acontecimentos recentes, fazendo uma revisão do que ficou por fazer e de situações que exigem sua intervenção para serem resolvidas.  Olhos fechados, "assiste o filme" das coisas que ocorreram na semana e vai deixando o silêncio diminuir o ritmo da mente, quase a ponto de cochilar na cadeira.

Ao se encontrarem, a leveza do momento faz a gôndola da vida entrar no mar da tranquilidade.

Se perguntam como foi o dia de cada um, contam as passagens mais relevantes, e a conversa segue com amenidades que os levam à risadas, descontração e leveza. Por vezes, tratam de assuntos sérios, trocam opiniões e orientações e quase se esquecem do horário do jantar.

O colo dela, deliciosamente aconchegante, é convidativo para horas e horas de conversa, mas ambos são vencidos pelo sono, e dormem ali mesmo no sofá.  Só mais tarde ele se levanta, pega-lhe no colo e a leva para a cama para descansar algumas horas antes de sair bem cedo para a aula de sábado.

Com beijos e o desejo de bom sono e sonhos, se despedem.

E ela perdeu a hora de acordar...